A mineração de criptomoedas se refere ao processo de verificação e de validação de transações em uma blockchain. Este processo também tem a responsabilidade de emitir novas unidades de moedas digitais. O trabalho feito pelos mineradores requer muitas estratégias computacionais, mas é isto que permite a permanência da segurança de uma rede blockchain. Ao ocorrer a validação de um bloco, o minerador recebe como prêmio novas criptomoedas emitidas e um valor extra das taxas de transação.
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Introdução
A mineração é o método usado para a verificação das transações de critomoedas, adicionando-as ao Ledger, livro-razão, público da blockchain. As operações de mineração também são responsáveis pela transmissão de novas moedas, que são inseridas na distribuição total em circulação. A mineração é um dos principais componentes que consentem que a blockchain do Bitcoin funcione como um ledger distribuído. Todas as transações são registradas em uma rede peer-to-peer sem a demanda de uma autoridade central. Nesta matéria, discutiremos a mineração na rede Bitcoin, mas o processo é parecido para altcoins que aplicam o mesmo mecanismo de mineração.
Como funciona a mineração?
À medida que novas transações são realizadas na blockchain, elas são enviadas ao memory pool, conjunto de dados. O dever de um minerador é averiguar a validade dessas transações pendentes e arrumá-las em blocos. Conseguimos imaginar um bloco como uma página do livro-razão, ledger, da blockchain, onde várias transações são registradas (junto com outras informações).
Um node de mineração é responsável por recolher transações não confirmadas do memory pool e organizá-las em um bloco candidato. Depois, o minerador realiza uma tentativa de converter o bloco escolhido em um bloco válido e confirmá-lo. Para isso, ele necessita encontrar uma solução para um problema matemático complexo. Esse processo necessita de muita capacidade computacional, mas cada bloco minerado concederá ao minerador um prêmio bloco, que consiste em criptomoedas recém-criadas mais as taxas de transação. Vamos dar uma olhada no processo de mineração:
Etapa 1 – Hashing de transações
Na primeira fase da mineração de um bloco, cada uma das transações pendentes do memory pool é submetida a uma função de hash. Cada vez que um dado é submetido a uma função de hash, ele produz um output (saída) de tamanho fixo chamado hash. No contexto da mineração, o hash de cada transação corresponde a uma sequência de números e letras que funciona como um detector. O hash da transação retrata todas as informações contidas na transação. Além de fazer o hash e listar cada transação de maneira individual, o minerador também adiciona uma transação, na qual ele envia a si mesmo o prêmio de bloco. Essa transação é conhecida como transação coinbase e é o criador das novas moedas emitidas. Na maior parte dos casos, a transação coinbase é a primeira a ser registrada em um novo bloco, seguida por todas as transações que esperam validação.
Etapa 2 – Criando uma Merkle Tree
Depois da criação do hash de cada transação, os hashes são organizados em uma estrutura chamada Merkle Tree (Árvore de Merkle). Também conhecida como hash tree, a Merkle Tree é formada pela organização dos hashes das transações em pares. Em seguida, é feito o processo de hashing deles. Os novos hashes de saída (outputs) são então organizados em pares e submetidos novamente à função de hash. O processo se repete até que um único hash seja obtido. Este último hash também é chamado de root hash (ou Merkle root) – em português, hash raiz – e é basicamente o hash que representa todos os hashes anteriores que foram usados para gerá-lo.

Etapa 3 – Encontrando um block header válido (hash de bloco)
O block header (cabeçalho de bloco) atua como um identificador para cada bloco individual, o que significa que cada bloco possui um hash exclusivo. Ao criar um novo bloco, os mineradores combinam o hash do bloco anterior com o root hash de seu bloco candidato para gerar um novo hash de bloco. Além desses dois elementos, eles também têm a necessidade de adicionar um número arbitrário chamado nonce. Portanto, ao tentar validar seu bloco candidato, um minerador precisa combinar o root hash, o hash do bloco anterior e um nonce e submeter o conjunto de dados à função de hash. O principal objetivo é criar um hash considerado válido. O root hash e o hash do bloco anterior não podem ser modificados, então os mineradores precisam alterar o valor do nonce várias vezes até que um hash válido seja detectado.
Para ser considerado válido, o output (hash de bloco) deve ser menor que um determinado valor alvo, que é definido pelo protocolo. Na mineração de Bitcoins, o hash do bloco deve começar com um certo número de zeros. É isso que indica a dificuldade de mineração.
Etapa 4 – Transmitindo o bloco minerado
De acordo com o que mencionamos, os mineradores precisam submeter repetidamente o block header à função de hash, usando diferentes valores de nonce. Eles repetem essa técnica até encontrar um hash de bloco válido. Após encontrar, o minerador o transmite para a rede. Todos os outros nodes verificarão se o bloco e seu hash são válidos e, em caso afirmativo, adicionarão o novo bloco em suas cópias da blockchain. Feito isso, o bloco candidato torna-se um bloco confirmado e todos os mineradores iniciam o processo de mineração do próximo bloco. Todos os mineradores que não conseguiram encontrar um hash válido a tempo descartam seu bloco candidato e a corrida de mineração inicia de novo.
Ajuste da dificuldade de mineração
A dificuldade de mineração é ajustada regularmente pelo protocolo, certificando que a taxa com a qual novos blocos são criados permaneça contínua. Com isso, a emissão de novas moedas permanece estável e previsível. A dificuldade de mineração se ajusta de acordo com a quantidade de poder computacional (taxa de hashing) dedicado à rede. Sendo assim, toda vez que novos mineradores se juntam à rede e a competição cresce, a dificuldade de hashing também aumenta, evitando que o tempo médio de bloco diminua. Por outro lado, se muitos mineradores decidirem deixar a rede, a dificuldade de hashing diminuirá, facilitando o processo de mineração de um novo bloco. Esses ajustes mantêm o tempo de bloco constante, independentemente do poder de hash total da rede.
E se dois blocos forem minerados ao mesmo tempo?
Pode acontecer de dois mineradores transmitirem um bloco válido ao mesmo tempo e a rede receber dois novos blocos concorrentes. Os mineradores então começam a minerar o próximo bloco, com base no bloco que receberam primeiro. Isso faz com que a rede se divida (temporariamente) em duas versões diferentes da blockchain.
A competição entre esses blocos continuará até que o próximo bloco seja minerado, no topo de qualquer um dos dois blocos concorrentes. Quando um novo bloco é minerado, o bloco anterior será considerado o vencedor. O bloco abandonado é chamado de bloco órfão ou bloco obsoleto, fazendo com que todos os mineradores que escolheram este bloco voltem a minerar a blockchain do bloco vencedor.
Todas as criptomoedas podem ser mineradas?
O Bitcoin é o modelo mais popular e bem sucedido de criptomoeda que pode ser minerada, mas nem todas as criptomoedas podem ser mineradas. A mineração de bitcoins é baseada em um algoritmo de consenso chamado Proof of Work (PoW).
Proof of Work (PoW)
Proof of Work (PoW) é o mecanismo original de consenso da blockchain criada por Satoshi Nakamoto. O conceito foi introduzido no whitepaper do Bitcoin, em 2008. Basicamente, o PoW determina como uma rede blockchain obtém consenso para todos os participantes distribuídos, sem intermediários terceirizados. O funcionamento desse mecanismo exige um grande poder computacional para evitar a ação de usuários mal-intencionados.
Conforme mencionado, as transações em uma rede PoW são verificadas por mineradores. Para obter o direito de minerar o próximo bloco, os mineradores competem solucionando problemas criptográficos complexos, usando hardwares de mineração especializados. O primeiro minerador a encontrar uma solução válida pode então transmitir seu bloco de transações para a blockchain e receber a recompensa de bloco.
A quantia de criptomoedas da recompensa de bloco varia em cada rede. Por exemplo, na blockchain do Bitcoin, um minerador bem-sucedido recebe como recompensa de bloco 6,25 BTC (valor referente a dezembro de 2021). A quantidade de BTC em uma recompensa de bloco diminui pela metade a cada 210.000 blocos (aproximadamente a cada quatro anos) devido ao seu mecanismo de halving.
Diferentes métodos de mineração de criptomoedas
Não existe uma única maneira para minerar criptomoedas. O equipamento e o processo mudam à medida que surgem novos hardwares e algoritmos de consenso. Normalmente, os mineradores usam computadores especializados para solucionar as complicadas equações criptográficas. Vamos ver como funcionam alguns dos métodos de mineração mais comuns.
Mineração via CPU
A mineração via Unidades de Processamento (CPU) envolve o uso de CPUs de computadores para executar as funções de hash requisitadas pelo mecanismo PoW. Nos primeiros dias do Bitcoin, o custo e a dificuldade de mineração eram baixos. Um CPU comum era capaz de lidar com a dificuldade de mineração, então, qualquer um podia tentar minerar BTC e outras criptomoedas.
No entanto, à medida que mais pessoas começaram a minerar e o hashrate da rede aumentou, a mineração lucrativa tornou-se cada vez mais difícil. Além disso, o surgimento de hardwares de mineração especializados com maior poder computacional acabou tornando a mineração via CPU quase impossível. Atualmente, a mineração via CPU não é mais uma opção viável, visto que todos os mineradores usam hardware especializado.
Mineração via GPU
As Unidades de Processamento Gráfico (GPUs) são projetadas para processar uma ampla gama de aplicações em paralelo. Embora sejam normalmente usadas para videogames ou renderização de gráficos, elas também são utilizadas para mineração.
As GPUs são relativamente baratas e mais flexíveis do que os populares hardwares de mineração ASIC. Algumas altcoins podem ser mineradas com GPUs, mas a eficiência depende do algoritmo e da dificuldade de mineração.
Mineração ASIC
O Application-Specific Integrated Circuit (ASIC) – em português, circuito integrado de aplicação específica – foi elaborado para atender a um propósito específico. No setor cripto, o termo se refere ao hardware especializado para mineração. A mineração ASIC é altamente eficiente, porém é mais cara.
O processo de mineração é uma competição. Para minerar lucrativamente, você precisa de um hardware de mineração competitivo. A mineração ASIC é a opção mais moderna e eficiente, mas tem um custo mais alto do que o uso de CPUs e GPUs. Além disso, o avanço contínuo da tecnologia ASIC faz com que modelos ASIC mais antigos se tornem não lucrativos, havendo exigência de substituição. Isso torna a mineração ASIC um dos métodos mais caros de mineração, mesmo sem incluir os custos de eletricidade.
Pools de mineração
Como uma recompensa de bloco é concedida ao primeiro minerador bem-sucedido, a probabilidade de encontrar o hash correto é extremamente pequena. Mineradores com uma pequena porcentagem do poder de mineração têm uma chance muito baixa de encontrar o próximo bloco por conta própria. Os pools de mineração oferecem uma solução para este problema.
Pools de mineração são grupos de mineradores que juntam seus métodos (poder de hash) para aumentar a probabilidade de obter recompensas de bloco. Quando o pool encontra um bloco válido, os mineradores dividem a recompensa entre todos os participantes do pool, de maneira proporcional à contribuição de cada um. Pools de mineração podem beneficiar mineradores individuais em termos de custos de hardware e eletricidade, mas o domínio de um grupo de mineração pode aumentar a chance de um possível ataque de 51% na rede.
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Considerações finais
A mineração de criptomoedas é uma parte essencial na rede Bitcoin e em outras blockchains PoW. É um dos mecanismos que mantêm a rede segura e garante a emissão de novas moedas de forma estável. A mineração tem vantagens e desvantagens. A mais óbvia vantagem é a possibilidade de obter ganhos com as recompensas de bloco. No entanto, os lucros da mineração podem ser afetados por diversos fatores, incluindo os custos de eletricidade e preços de mercado. Não existe garantia de que você terá lucros, então antes de minerar criptomoedas, faça suas próprias pesquisas (DYOR) e avalie todas as possibilidades de risco.
Fonte: academy.binance | Imagem: tecnoblog