A SpaceX de Elon Musk completa 10 anos de história ao transformar-se na primeira empresa privada a rumar à ISS numa missão comercial, modificando profundamente o curso da exploração espacial. A 25 de maio de 2012, a Estação Espacial Internacional recebeu uma das entregas mais importantes da sua história. Com 525 kg, a carga incluía alimentos, água, roupas e equipamentos de informática, mas na realidade isso não interessava nada. O que realmente importava era que a entrega chegou a bordo de uma cápsula Dragon C2+, que regressou uns dias depois, a 31 de maio, com sucesso. Começava assim toda uma nova era de exploração espacial.
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Na realidade, tudo remonta a 10 anos antes, em maio de 2002, altura em que Elon Musk terá oficialmente criado a SpaceX, uma abreviação para “Space Exploration”, já com a ideia de produzir soluções para a indústria espacial a preços mais baixos, uma espécie de “low cost”, e com os olhos em Marte, claro. Em tempos em que enviar uma carga útil de 250 kg para o espaço custava 30 milhões de dólares, Elon Musk afirmou que o primeiro foguete da SpaceX, o Falcon 1 transportaria 635 kg por apenas 6,9 milhões de dólares. Os valores propostos revelavam um aumento de 2,5 vezes na carga, custando pouco mais de 20% do valor inicial.
Confiante, como quase sempre, o mestre da SpaceX falou que o primeiro motor estaria pronto em maio de 2003, prevendo um segundo motor para junho, o corpo do foguete em julho e a montagem final para agosto. A plataforma de lançamento seria então preparada em setembro com o primeiro lançamento a acontecer em novembro seguinte, ou seja, tudo em pouco mais de um ano após a criação da empresa. Na altura também estava sendo definido o planejamento da ida a Marte para o final da década. Sabemos agora que os planos resvalaram ligeiramente.
A previsão do primeiro lançamento de um foguete low cost passou para o início de 2004, mas só aconteceu, efetivamente, em 2006. Com os seus 21 metros de altura, o Falcon 1 – nomeado assim em homenagem à nave Millenium Falcon, da saga Star Wars – só teve autorização para ser lançado em 24 de março de 2006, quase quatro anos após da fundação da SpaceX. O lançamento foi um sucesso, mas apenas nos primeiros 25 segundos: diz-se que devido a uma peça mal encaixada por um dos engenheiros, acabou por cair e explodir. Nos anos seguintes sucederam-se mais tentativas fracassadas e o sucesso só chegaria em setembro de 2008, com o Falcon 1 a realizar um voo perfeito. O foguete subiu pela quarta vez, agora levando 163 quilos de “nada”: foi necessário usar uma carga fictícia já que nem o exército ou qualquer empresa ou governo aceitou colocar algo de valor dado o historial de resultados de lançamentos.
E foi assim que o Falcon 1 – que só chegou a fazer um voo comercial na sua vida – se transformou na primeira máquina de construção privada a realizar tal feito, após seis anos de tentativas e quatro anos e meio a mais do que Elon Musk previra inicialmente.
Passos seguintes: reutilizar, rumar à ISS e depois Marte
Apesar de ocupada com o Falcon 1 a equipa de engenheiros da SpaceX já tinha anotado o “famoso” Falcon 9, um foguete de maior capacidade e reutilizável que iria contribuir para baixar ainda mais os custos de exploração. Paralelamente, a SpaceX tinha também em desenvolvimento a nave de carga Dragon. Tudo isto em grande parte garantido por um contrato que ganhou com a NASA.
O primeiro Falcon 9 fez seu primeiro teste em julho de 2010 e diferente do que aconteceu com o Falcon 1, teve sucesso na primeira tentativa, realizando um voo perfeito. A par do Falcon 9, foi lançada a Dragon, a primeira espaçonave de uma empresa privada a alcançar a órbita terrestre e a regressar em segurança, pousando no oceano pacífico. Bons indícios para o que viria a suceder em maio de 2012, quando a nave de carga fez a sua primeira entrega de mantimentos à ISS e marcava assim toda uma nova era da exploração espacial.
Elon Musk disse na época que a chegada da nave de carga à Estação Espacial Internacional marcou um “grande dia para o país e para o mundo”, acrescentando na sua maneira tipicamente grandiosa que a missão colocou os humanos a caminho de se tornarem numa espécie multi-planetária.. A seguir a esse momento, a SpaceX concentrou-se cada vez mais no lançamento e pouso, em terra firme e no mar, dos seus foguetes reutilizáveis.
A primeira aterragem e recuperação bem-sucedidos de um primeiro estágio aconteceu em dezembro de 2015. Só em abril de 2016 a empresa realizou o primeiro pouso bem-sucedido na plataforma Of Course I Still Love You, no Oceano Atlântico, depois de várias tentativas goradas.
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Foi também no mesmo ano, em setembro, que a empresa de Elon Musk firmou mais um contrato com a NASA, desta vez prevendo o transporte de astronautas para a ISS, o que significou novamente uma estreia para uma empresa privada. Mas há outras estreias no percurso da SpaceX, como por exemplo o primeiro voo com uma tripulação internacional numa nave e foguetão privados com certificação da NASA, em setembro de 2020 – e a partir de solo norte-americano em nove anos – ou a missão oficial, passados dois meses.
Fonte: tek.sapo. | Imagem: Fpplware